Porque é que me acontece sempre isto nas minhas relações? Teoria da Vinculação no Adulto
Neste artigo debruçamo-nos sobre padrões relacionais, e a forma como nos relacionamos com as pessoas, o porquê de ser uma pessoa mais afetuosa e com mais necessidade de proximidade, ou uma pessoa mais fria e com necessidade de distância.
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1. O que é a vinculação?
Corresponde à forma de como nos relacionamos com o outro. É influenciada e modelada pelas relações primordiais que temos desde que nascemos. E dá-nos pistas do que poderemos fazer para estar a manter ou terminar uma relação.
2. Quais são os tipos de vinculação mais comuns?
Bartholomew (1990) criou um modelo de vinculação nos adultos baseado modelo para crianças desenvolvido por John Bowlby, onde explica como é que nos relacionamos com as pessoas, dando-nos pistas do que nos faz arruinar ou manter as nossas relações.
O modelo de vinculação nos adultos é desenvolvido através de 4 variáveis:
Modelo do self - a nossa autoestima, se sentimos que merecemos amor, apoio ou não.
Modelo do outro - a forma como sentimos as outras pessoas, se são de confiança e disponíveis, ou rejeitantes e desleais.
Nível de Proximidade - a nossa disponibilidade emocional e afetividade.
Nível de Controlo - a nossa necessidade de controlar a relação e as nossas emoções.
Criando 4 tipos de vinculação : seguro, inseguro evitante, inseguro ansioso e desorganizado.
Tipo de vinculação segura:
Pessoa que acredita no seu valor e que é merecedora de apoio (Modelo do self positivo).
Tem facilidade em confiar no outro (Modelo do outro positivo).
Tipo de vinculação insegura ansiosa
Pessoa que não acredita no seu valor, tem baixa autoestima e é muito insegura (Modelo do self negativo).
Tem facilidade em confiar no outro (Modelo do outro positivo).
São pessoas que procuram proximidade e afeto no outro, por vezes tornam-se emocionalmente muito dependentes nas suas relações.
Sentem muita ansiedade com o afastamento das pessoas na sua vida e interpretam-no como um sinal de não serem gostadas, de serem insuficientes, e abandonadas.
Tipo de vinculação insegura evitante
Pessoa que acredita no seu valor (Modelo do self positivo).
Tem muita dificuldade em confiar no outro e vive com medo constante de ser rejeitada ou abandonada (Modelo do outro negativo).
São pessoas que têm muita dificuldade em entregar-se totalmente à relação por terem muito medo de ser abandonas, magoadas, ou traídas.
Assumem neste sentido comportamentos de maior distanciamento, frieza e até indiferença.
Gostam de sentir-se em controlo sobre as várias dimensões da sua vida, sobretudo a nível emocional e nas suas relações.
Tipo de vinculação desorganizada
Pessoa que não acredita no seu valor (Modelo do self negativo).
Tem muita dificuldade em confiar no outro e vive com medo constante de ser rejeitada ou abandonada (Modelo do outro negativo).
São pessoas com muita dificuldade em relacionar-se, porque veem a proximidade do outro como uma ameaça (um potencial de risco de se magoarem), e por isso as relações são sempre sentidas com uma ansiedade muito intensa.
E ao mesmo tempo têm uma autoestima muito baixa o que as faz sentir como pessoas insuficientes e que nunca serão amadas.
Pessoas com uma vinculação desorganizada precisam muito de terapia, porque este tipo de vinculação é um claro sinal de vivências traumáticas na infância.
Nota: Estes padrões não são estanques, podendo estar presentes nas várias relações de uma pessoa só. Uma pessoa que nas suas relações amorosas assume um padrão de relacionamento evitante poderá noutra relação ser do tipo seguro ou, ao longo da sua relação, tornar-se do tipo seguro.
3. Porque é que é importante eu ter consciência do meu tipo de vinculação?
Conhecer o nosso tipo de vinculação é muito importante porque nos ajuda a compreender quem somos nas relações, e a refletir sobre os pensamentos, comportamentos e emoções que repetimos em todas as nossas relações.
O facto de nos tornarmos conscientes sobre a nossa forma de nos vincularmos a alguém, também nos torna pessoas mais atentas aos nossos padrões não tão saudáveis, e impedir que os mesmos afetem as nossas relações.
Além disso, sabermos de onde vêm, e o que nos fez criarmos esta forma de nos ligarmos a alguém, são também informações muito importantes que nos ajudam a ter uma maior consciência para protegermos as nossas relações.
4. Como é que a terapia me pode ajudar?
A terapia dá-nos espaço para pensarmos sobre a nossa vinculação, os nossos padrões relacionais e sobre toda a influência do nosso passado e presente que nos fez tornamo-nos pessoas com mais ou menos medo do abandono.
Permite-nos também ganharmos mais confiança em nós e nas outras pessoas, para tornarmo-nos mais capazes de nos entregarmos a uma relação onde sintamos segurança e apoio.
A partir do momento em que nos tornamos mais conscientes, somos pessoas mais capazes de nos tornamos mais confiantes nas nossas relações.
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